A chegada de Hollow Fields, da australiana Madeleine Rosca
(publicada originalmente pela editora americana Seven Seas), por mais modesta que possa parecer, é importante.
Estamos falando da chegada do primeiro time do mangá não-japonês no Brasil – e de uma obra premiada com o reconhecimento do
Ministério do Exterior Japonês, através do prêmio
Shorei de Excelência para os melhores mangás ao redor do mundo.
A série, visualmente influenciada pelo subgênero Steampunk da Ficção Científica, se passa em época e lugar indistintos e conta a história de uma menina chamada
Lucy Snow, que por mero acidente, acaba se matriculando na escola que batiza a série – um colégio de cientistas loucos
(ou, mais formalmente, "Academia para os Academicamente Superdotados e Eticamente Ilimitados!"), no qual você não apenas pode acabar sendo morto pelo próprio trabalho de aula, mas é sujeito a uma regra cruel: uma vez a cada semana, o aluno com desempenho mais baixo é enviado para detenção em um local conhecido como "o moinho" – de onde ninguém voltou.
É importante apontar que Rosca toma menos como referência outros mangás do que a literatura infanto-juvenil de autores como
Lemony Snicket (Desventuras em Série) e
Eoin Colfer (Artemis Fowl, Aviador) – e talvez tenha sido este o seu maior trunfo. Ele não é um material de nicho, pelo contrário: é um vislumbre do que o mangá feito fora do Japão pode oferecer no futuro – não a autofagia referencial nem a nostalgia por um Japão aonde o autor jamais viveu, mas um diálogo com as referências próprias da cultura pop que o autor vive
(podemos dizer o mesmo de um produto completamente diferente: o Scott Pilgrim de Brian Lee O'Malley). E é esse tipo de abordagem que tem mais chance de ganhar mundo ao longo do tempo.
Não foi a toa que no fim das contas, Hollow Fields teve o reconhecimento oficial dos Japoneses. Eles sabem reconhecer um mangá quando o vêem, apesar de algumas almas insistirem que se não é japonês, não é mangá. ;)
Mas é o leitor que vai tirar a prova. E em todo caso, o material vem em padrão de banca por aqui: Dez reais, 192 páginas, papel Pisa Brite, o formato de sempre. Talvez esse material rendesse melhor em livrarias, com acabamento um tico melhor e marketing voltado aos leitores de literatura juvenil
(que ocupa um ótimo espaço nas estantes), mas enfim, o que importa é que ele chegou. Agora depende da editora chegar ao seu leitor.
Fonte: Maximum Cosmo
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Vi sobre esse mangá quando terminei de ler as comics de World Of WarCraft - Death Knight, que por sinal é um excelente livro - mesmo eu preferindo mangás, WoW é um dos meus preferidos e eu não deixaria de comprar.
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Dá pra fazer um monte de trocadilho com o nome da Autora - Rosca aqui, rosca ali...